A agressividade infantil é um tema que gera polêmica e sentimentos confusos. Muitas vezes nos deparamos com cenas que nos desconcertam e constrangem: bater na mãe, agredir colega na escola, maltratar os animais...
Entretanto, as crianças NÃO nascem agressivas. NÃO existem crianças que SÃO agressivas. O mais adequado seria dizer que ESTÃO agressivas.
A agressividade faz parte da afetividade humana e possui dois sentidos: o instrumental, que é dirigido apenas para alcançar uma recompensa e não tem o objetivo de trazer sofrimento ao outro, o hostil, que tem por objetivo atacar ou ferir.
Por detrás da agressividade
Ao agir de maneira agressiva, a criança está manifestando suas frustrações ou testando suas possibilidades de conhecer o mundo. A agressividade pode representar: a tentativa de satisfazer necessidades, um comportamento imitativo, uma forma de ocultar a ansiedade e o medo de ser fraco, um momento difícil, a tentativa de estabelecer um relacionamento, a inadaptação a um ambiente desconhecido, a incapacidade de realizar alguma tarefa ou desafio, um teste de forças ou uma resposta a situações de mudanças, dentre outros.
Ação dos pais
Para avaliar se a agressividade está em nível normal ou anormal, deve-se investigar o momento vivido pela criança, a intensidade dos atos agressivos, as circunstâncias familiares e escolares, bem como os valores humanos repassados a ela. No caso de dúvida, vale optar pela ajuda de um profissional. As crianças são habilidosas em descobrir os pontos fracos dos adultos. Sendo assim, é necessário que estes busquem identificar os sentimentos mobilizados nesta relação, para que consigam assim adotarem nova postura e auxiliarem as crianças a liderarem com seus sentimentos.
Castigos ou palmadas?
Regras claras e justas são importantíssimas para a superação da agressividade hostil e a construção da saúde mental. Mais do que impor autoridade, deve-se fazer com que as crianças compreendam o sentido das regras e as respeitem. Portanto, o castigo é mais eficaz do que as palmadas.
Educar pelo exemplo
Antes de exigir que as crianças ajam de maneira ética, é necessário que o adulto o faça. Como ensinar as crianças a não baterem, batendo nelas em casa? Como ensinar a não gritarem, corrigindo-as gritando?
Birra no Shopping
A falta de limites provoca nas crianças a sensação de abandono e a ilusão de que podem ter e fazer o que quiserem. Imagine a seguinte cena: você vai ao shopping e seu filho lhe pede um brinquedo. Você diz “não” e ele bate o pé, começa a chorar e ameaça jogar tudo no chão. Ele simplesmente se recusa a escutá-lo. É hora de olhá-lo nos olhos e falar em um tom de voz firme, para que ele entenda que deve obedecer. Não precisa gritar ou bater. Ignorar, tão somente, é desrespeitar a criança.
Família: contribuição positiva ou negativa
Acredita-se que a agressividade não seja proveniente apenas de uma força interna. Também o ambiente muito pode perturbar a criança. Antes de a criança ser influenciada pelo meio macro-social, ela é influenciada pelo micro-social, ou seja, pela família. Somente depois é que ela assimila os valores da sociedade e dos meios de comunicação.
As crianças que percebem muita agressão nas pessoas que as cercam se tornarão mais agressivas do que aquelas que têm modelos menos agressivos e que foram menos recompensadas por apresentarem comportamentos agressivos.
Cristiane Espíndula Moraes é Psicóloga e Psicoterapeuta
Por: POR CRISTIANE ESPÍNDULA MORAES